“Contar
sobre histórias de amor pode ser um tanto confuso... mas quando é a
própria história, nunca pensamos duas vezes antes de começar a
contar...” Meu nome é Abby e fujo de qualquer coisa fútil.
Trabalho para uma famosa empresa que publica livros em Nova Iorque.
Estou indo para a Itália, ou melhor, para Verona, a cidade do amor,
para conhecer as famosas “Julietas”. Escrever sobre o amor, logo
eu que só tenho ultimamente tido decepções, não é nada legal. A
funcionária do aeroporto anunciava o voo diretamente para Itália e
e eu mal me importava, me intertia no celular falando com uma amiga.
Ir a trabalho para a cidade do amor desacompanhada era nada muito
original, já que a fila de embarque era preenchida por casais
apaixonados sonhando com uma viagem perfeita. Não demorou muito e
todos embarcamos. E sim, a mesma cena se repetia assim que entrei no
avião: me constrangi por estar sozinha, casais sentados juntos e
aeromoças servindo de cortesia balas em formato de coração.
Discretamente entrei e localizei minha poltrona. Notei que do meu
lado não havia ninguém e preferi sentar na janela. Me conformei com
a história de ser a mais solitária dali, então apenas fechei os
olhos esperando apenas o avião decolar. Até que senti encomodos ao
meu lado, um barulho do cinto da aeronave sendo afivelado e uma voz
nada feminina conversar com a aeromoça. Abri apenas um dos olhos e
arqueei as sobrancelhas: de primeira vista logo já vi um Nova
Iorquino que se acha o tal só por andar de terno na Times Square,
conversando pelo celular e olhando as vitrinas completas de maçã.
Tipo de cara fútil que não se deve dar atenção. O avião decolou
e tirei da bolsa o notebook. Passei os dedos sobre os detalhes, mas
não sabia nem por onde começar.
Você
vai trabalhar agora? - escutei a voz do fútil que estava ao meu
lado.
E
por que não iria? - respondi um tanto ríspida, arqueando uma das
sobrancelhas como de costume.
Deve
estar em viagem com seu noivo, não é? - e então ele logo soltou
um riso
Não,
estou a trabalho - voltei a atenção a tela do notebook
Ah
que ótimo, eu também. Achei que fosse o único cara que estava
neste avião sem alguma companhia. Sou Joe, estou indo a uma missão
e você? - disse Joe, ao estender a mão.
Voltei a
olhar o desconhecido novamente e apenas pensei “Mas você ainda
está solitário”, sorri gentilmente e estendi a minha mão ao
mesmo, logo como um cumprimento muito frio.
Sou
Abby. Estou indo para achar alguma louca que vive uma louca história
de amor, para finalmente poder publicar meu primeiro livro – falei
e logo depois veio um longo suspiro: escrever sobre amor é o meu
pior constrangemento para começar a carreira.
Uma
louca historia de amor? Jura que você não vai lá para deixar sua
cartinha no muro da Julieta? - disse Joe logo após de esboçar um
sorriso debochado.
Eu
sou profissional, não tenho tempo para essas coisas fúteis. E se
me der licença, está me atrapalhando – voltei a atenção à
tela do notebook.
Passou-se
2 horas e meia, e nada saia da minha mente. Eu já sabia que isso
seria um fracasso total. Joe dormia na poltrona ao meu lado e achei
estranho ele não ter falado da tal missão. Mas enfim, pouco me
importava, não daria atenção a um idiota que mal eu sei de onde
veio. Guardei o notebook e olhei pela janela que já indicava e era
muito tarde, fui fechando meus olhos devagar e logo peguei no sono.
Sabe
aquela sensação que você não dormiu nada e o tempo passou rápido?
Acordei quando me cutucavam, coisa que eu mais odiava.
Abby,
Abby.
O
que você quer? - abri os olhos cerrilhados e falei com uma voz em
tom ríspido.
Como
você quer escrever sobre o amor se não tem nem um jeito de falar
bom dia? - falou Joe, novamente me debochando.
Me
poupe – fechei os olhos novamente com os sonho de tentar voltar a
dormir.
Seria
uma pena se você perdesse essa vista de Verona, aliás, eu deveria
ter chegado mais cedo e ficaria na janela, não dependeria da sua
boa vontade para ver coisas únicas da vida.
Então
mude de lugar, não tem nada te obrigando a ficar aqui – novamente
falei ríspida e de olhos fechados, mas assim que pensei no que ele
havia dito, da vista de Verona acima das nuvens, não pensei duas
vezes em a abrir meus olhos e perder minutos olhando aquilo.
O avião
pousou e estava ansiosa para sair rápido dali. Ao pegar minhas malas
sai em busca do primeiro táxi que vi. Indiquei ao taxista o hotel
que estaria hospedada e foi lá onde ele me deixou. Entrei no hotel
para fazer o chekin, e um homem não mais desconhecido já conversava
com uma pessoa que estava atrás do balcão. Fui na esperança de ser
atendida, mas não interrogada.
Sou
Abby Noules, e fiz uma reserva neste hotel à duas semanas atrás. -
falei à funcionária enquanto esperava o atendimento.
Abby,
você de novo? - disse Joe aos risos.
Desviei o
olhar para ele fazendo uma expressão nada agradavel, e direcionei a
palavra a funcionária novamente.
Existe
outro hotel dessa mesma companhia nessa cidade para eu poder me
hospedar?
Não
senhora, somos o único. - respondeu a mulher me entregando o cartão
do quarto.
Ah,
que droga. Falei desanimada enquanto ia em direção ao elevador.
Dois dias
se passaram e não achei nada interessante. Uma certa preocupação
entrava em meus pensamentos, já que nem um título eu tinha ainda.
Sabia que Joe estava ao lado, que por infelizmente e drogamente,
estavamos no mesmo corredor, no quarto vizinho. Pensei duas vezes
antes de bater na porta do quarto dele, mas tinha chegado à uma
situação que estava mais do que crítica. Bati duas vezes na porta,
e logo ele me atendeu. A expressão era de um rapaz cansado, com o
cabelo bagunçado, as duas primeiras peças que viu dentro da mala.
E
aí, boa noite – tentei pela primeira vez ser legal com ele.
Qual
foi, sua história não deu certo? - disse ele, rindo.
Minha
expressão não foi uma das melhores e ele percebeu.
Desculpa,
eu imagino o quanto esse livro deve ser importante pra você. Quer
entrar? - disse Joe, tentando ser educado pela milésima vez.
Olha
minha cara de quem quer entrar, tomar um chá olhando a vista do seu
quarto que é a mesma que a minha. - falei ríspida, mas logo me
arrependi – Desculpa, tem algo pra fazer hoje?
Não,
ainda não – ele me olhou estranho.
Naquela
cafeteria, lá de baixo, as sete. Tá bom?
Mal
esperei ele responder e já sai da porta, entrando novamente de volta
para o meu quarto. Ele devia ter tido alguma história para poder me
contar. Ou não.